sexta-feira, 4 de março de 2016

DEZ CARACTERÍSTICAS DO ILUMINISMO




Leitura no salão de M.me Geoffrin, 1755 (tela de A.Lemonnier)

O iluminismo, também conhecido como Século das Luzes e como Ilustração foi um movimento cultural da elite intelectual europeia do século XVIII que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. Abarcou inúmeras tendências e, entre elas, buscava-se um conhecimento apurado da natureza, com o objetivo de torná-la útil ao homem moderno e progressista. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância da Igreja e do Estado. Foram vários os príncipes reinantes que muitas vezes apoiaram e fomentaram figuras do iluminismo e até mesmo tentaram aplicar as suas ideias ao governo. Originário do período compreendido entre os anos de 1650 e 1700, o iluminismo foi despertado pelos filósofos Baruch Spinoza (1632-1677), John Locke (1632-1704), Pierre Bayle (1647-1706) e pelo matemático Isaac Newton (1643-1727). O iluminismo floresceu até cerca de 1790-1800, após o qual a ênfase na razão deu lugar a ênfase do romantismo na emoção e um movimento contra iluminista ganhou força.





O centro do iluminismo foi a França e culminou com a grande Enciclopédia (1751-1772) editada por Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d'Alembert com contribuições de centenas de líderes filosóficos (intelectuais), tais como Voltaire (1694 -1778) e Montesquieu (1689-1755). Cerca de 25.000 cópias do conjunto de 35 volumes foram vendidos, metade deles fora da França. As novas forças intelectuais difundiram-se para os centros urbanos de toda a Europa, nomeadamente Inglaterra, Escócia, os estados alemães, Países Baixos, Rússia, Itália, Áustria e Espanha, em seguida, saltou o Atlântico para colônias europeias, onde influenciou Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, entre muitos outros, e desempenhou um papel importante na Revolução Americana. Os ideais políticos influenciaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos, a Carta dos Direitos dos Estados Unidos, a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição Polaco-Lituana de 3 de maio de 1791.



PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

Racionalismo: é a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins. Tais fins são postulados em nome do interesse coletivo, base do próprio liberalismo e que se torna assim, a base também do racionalismo. O racionalismo, por sua vez, fica à base do planejamento da organização econômica e espacial da reprodução social.

Cientificismo ou cientismo: é a doutrina dos que consideram os conhecimentos científicos como definitivos.Ele tem a razão como base e pode ser tomado como uma doutrina semelhante ao racionalismo. O Cientismo pode ser resumido na seguinte afirmação: "Tudo é explicável pela Ciência".Somente o conhecimento científico é um conhecimento verdadeiro e real, isto é, somente aquilo que pode ser expresso quantitativamente ou ser formalizado,ou ser repetido à vontade sob condições de laboratório, pode ser o conteúdo de um verdadeiro conhecimento.

Humanismo: é a filosofia moral que coloca os humanos como principais, numa escala de importância. É uma perspectiva comum a uma grande variedade de posturas éticas que atribuem a maior importância à dignidade, aspirações e capacidades humanas, particularmente a racionalidade. Embora a palavra possa ter diversos sentidos, o significado filosófico essencial destaca-se por contraposição ao apelo ao sobrenatural ou a uma autoridade superior. Desde o século XIX, o humanismo tem sido associado ao anti-clericalismo herdado dos filósofos Iluministas do século XVIII. O termo abrange religiões não teístas organizadas, o humanismo secular e uma postura de vida humanista.


Frederico, o Grande, encontra-se com Voltaire (gravura de N.Monsiaux)


Antiabsolutismo: É uma palavra de negação ao sistema absolutista, que consiste na acumulação de poder nas mãos do monarca. Foi uma política adotada a partir do século XVII pelos burgueses, que passaram a combater o poder dos Reis.

Divisão dos poderes: É uma doutrina que surgiu com o objetivo fundamental de se limitar o poder do homem, impedindo que este o use indiscriminadamente, o que causaria uma grande desproporção e desigualdade em relação aos que o devem obediência.Montesquieu,é um dos que defendiam a divisão do poder em três: Poder Executivo (órgão responsável pela administração do território e concentrado nas mãos do monarca ou regente);Poder Legislativo (órgão responsável pela elaboração das leis e representado pelas câmaras de parlamentares): o poder legislativa era dividido em dois: a câmara do lordes, indicados pelo rei, representando a aristocracia, e a câmara dos comuns, de representantes eleitos pelo povo.Montesquieu não considerava o Judiciário como um dos Poderes Ele era a favor Monarquia Parlamentar.

Direito natural: é uma teoria que procura fundamentar a partir da razão prática uma crítica a fim de distinguir o que não é razoável na prática do que é razoável, e, por conseguinte, o que é realmente importante de se considerar na prática em oposição ao que não o é. Uma característica fundamental que explicita o que é a teoria do direito natural é o seu projeto. Ela não se propõe a uma descrição dos assuntos humanos por meio de uma teoria, tampouco procura alcançar o patamar de ciência social descritiva. A teoria do direito natural tem como projeto avaliar as opções humanas com o propósito de agir de modo razoável e bem. Isso é alcançado através da fundamentação de determinados princípios do Direito Natural que são considerados bens humanos evidentes em si mesmos.

Anticlericalismo: é um movimento histórico que se caracteriza por condenar a influência dominante de instituições religiosas, especialmente do clero da Igreja Católica (padres e bispos), sobre aspectos sociais e políticos da vida pública. Sua atitude denota uma crítica à instituição eclesiástica e à hierarquia católica em geral, o que não implica necessariamente em anti-cristianismo, ou seja, o sujeito pode-se ser anticlerical e cristão.

Enciclopedismo: foi um movimento filosófico-cultural desmembrado do Ilustracionismo, desenvolvido na França e que buscava catalogar todo o conhecimento humano a partir dos novos princípios da razão. Foi impulsionado por Voltaire, Diderot e d'Alembert, além de Montesquieu, Rousseau, Buffon e do barão d´Holbach.Através deste movimento se buscou desenvolver uma obra monumental, que constava de 28 volumes (17 de texto e 11 de lâminas), no que se resumiria o pensamento ilustrado da época, ou seja, todo o saber de seu tempo, e que se denominou Enciclopédia.

Antimercantilismo: é toda a política contra a intervenção estatal feita pelos países europeus no tempo das descobertas, a isso se deu o nome de fisiocracia, na célebre frase "laissez faire, laissez aller, laissez passer".

Combate a Escravidão: comércio de escravos, escravidão. Esta é uma definição que diz muito pouco acerca desta prática comercial, política e social. Vou descrever um pouco no que consiste escravizar. Como forma de sujeição a alguém ou opressão dos fortes sobre os fracos, desde sempre existiu a escravatura. Desde os tempos mais remotos os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria e, como tal, eram vendidos e comprados com a facilidade que se trocava uma batata por uma cenoura. Os preços variavam conforme o sexo, a idade, o destino e a atividade que iriam desempenhar. O seu dono ou comerciante podia-os comprar, vender, dar ou trocar por uma dívida, sem que o escravo pudesse exercer qualquer direito e objeção pessoal ou legal. Na era moderna, a escravidão está baseada num forte preconceito racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é considerado superior.

Professor: César Eduardo 

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