César Eduardo da Silva Pereira
Resenha do filme
“Uma Cidade sem Passado”
Existem duas versões para um mesmo acontecimento histórico. Uma
proveniente de documentos escritos e monumentos que são cuidadosamente
analisados através de métodos científicos. É a história oficial aceita pelo
Estado e imposta por ele, por uma classe dominante, ou pela igreja. A outra
constitui-se na memória coletiva que transmite informações de acontecimentos e
culturas através da oralidade. Esta transmissão é uma tentativa de manter uma
cultura viva ou um fato importante como lembrança à geração atual. É também uma
forma de os mortos terem sua última chance de falar. Porém, o Estado ou uma
classe dominante poderosa pode tentar suprimi-la ou apagar parte dela em
detrimento do que eles consideram como a versão histórica oficial. No filme, Uma
Cidade sem Passado de Michael Verhoeven, baseado em fatos reais, a estudante
Sonya Rosemberger ao participar de um concurso de redação, cujo tema era Minha
cidade durante o III Reich depara-se com essa dificuldade. Quando ela inicia as
pesquisas sobre o tema, não consegue ter acesso aos arquivos municipais
do período e encontra muita resistência por parte das pessoas que não querem emitir depoimentos
acerca do tema.